quarta-feira, 8 de abril de 2015

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Um dia desses, andando por uma rua próxima ao centro da cidade (muito movimentada, por sinal), avisto à frente um bolor de gente e de carros, e os bombeiros tentando passar para chegar ao local do acidente.
Continuo andando, cada vez mais me aproximando do local do acidente (não podia voltar, eu precisava ir para casa, e para tanto precisava passar por aquele local), quando cheguei perto do acontecimento estagnei. Uma pessoa havia sido atropelada por um motociclista enquanto atravessava a faixa de pedestres do sinal.
Não sei as circunstâncias em que o acidente ocorreu, mas foi terrível ver aquela pessoa estirada em um lugar que considero tão seguro. Pois há o semáforo e a faixa de segurança, que deveriam nos proporcionar essa tal "segurança".
Bem, além do absurdo de alguém ser atropelado enquanto atravessava a faixa de segurança, durante o "socorro" haviam: 2 pessoas estiradas no chão, e parecia que apresentavam fraturas um tanto graves; o trânsito estava muito congestionado e ninguém estava respeitando o ocorrido e os carros estavam passando praticamente por cima dos acidentados; havia uma ambulância dos bombeiros e apenas dois socorristas.
O que aconteceu? um trabalhador de um posto de combustíveis próximo ao local foi tentar organizar o trânsito, pois não havia policiamento, nem guardas, nem sinalização, nem nada; o pessoal que estava passando pelo local precisou ajudar os socorristas do corpo de bombeiros a socorrer os acidentados, mesmo sem ter nenhum preparo a priori para fazê-lo; o SAMU chegou meia hora depois para prestar auxílio ao corpo de bombeiros.
Foi um processo bem colaborativo da população, que, se diz de passagem, um tanto leiga nessas questões (por não serem preparados para auxiliar em um socorro desse tipo, e até mesmo para organizar o trânsito).
Bem, após recolherem os acidentados o SAMU e o corpo de bombeiros seguiram para o hospital.
Eu travei, fiquei lá, abismada, pois  passei muitas vezes naquele local, sempre tomando muito cuidado, mas me sentia segura, pois atravessava no sinal fechado para carros e aberto para pedestres.
Fiquei um tempo ali refletindo e então uma viatura da polícia aparece, uns quinze minutos depois que tudo acabou. O policial parou o carro (detalhe, bem onde o corpo do motociclista estava estirado um pouco antes), desceu, me olhou e perguntou: - "você sabe me dizer onde aconteceu um acidente, moça?".... Respondi com toda delicadeza: -"aí mesmo moço, bem onde seu carro está estacionado"
Resumindo... veja só: haviam dois socorristas em cada ambulância, ambos precisaram do auxílio da população ao redor para conseguir socorrer os acidentados. A polícia chegou depois que tudo já havia acabado, portanto não resolveu nada, nem pra ajudar organizar o trânsito... tem um pequeno detalhe nessa história... há um posto de polícia há 50 metros do local onde o acidente ocorreu, e não apareceu ninguém para ajudar; o desrespeito dos motoristas no trânsito, tanto ao não respeitarem a sinalização de transito, faixa de segurança, semáforo, quanto os seres humanos.
Cada dia me surpreendo mais com essa vida corrida que se leva, em que passar por cima dos outros é base para subir na vida, mas as vezes, no percurso, ocorrem acidentes que nos fazem retroceder muitos quilômetros que já havíamos andado. Tomemos mais cuidados, com nós mesmos, e com os outros. Andemos mais devagar, sintamos mais compaixão, cuidemos mais dos sentimentos do próximo.

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